sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Livros de negócios ampliam mercado editorial brasileiro

Livros de negócios e finanças pessoais vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado editorial brasileiro. Títulos como “O Monge e o Executivo”, “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos” e “Aprenda a Operar no Mercado de Ações” aparecem freqüentemente nas listas dos mais vendidos das principais livrarias do país.
Os maiores sucessos desse segmento são aqueles que se encaixam no conceito americano de “soft business”, livros que traduzem conceitos complexos de economia e administração para um público que abrange especialistas e leigos.
“Esses livros são baseados em conceitos e trabalhos de PHDs e universidades, mas traduzidos para um públicos mais amplo”, diz Tomás da Veiga Pereira, da editora Sextante, que investe nessa área desde 2003.
Entre os títulos lançados por ele, está o fenômeno de vendas “O Monge e o Executivo”, do americano James Hunter, o livro mais vendido de 2007 nessa área, com uma tiragem que já chega a mais 1,5 milhão de exemplares.
Com pouco sucesso nos EUA, o livro foi negociado por US$ 2 mil (valor referente ao adiantamento para o autor), valor próximo à média desse mercado. Um sucesso internacional de vendas, no entanto, pode chegar a mais de US$ 70 mil em adiantamento para o autor, que recebe também 10% de cada livro vendido (descontado o adiantamento).
Um fator que mostra o aumento do interesse do mercado brasileiro por esse tipo de publicação, é a disputa das editoras. Em 2003, por exemplo, um best seller internacional nessa área era disputado entre as editoras brasileiras por cerca de US$ 30 mil. Hoje, um livro da mesma categoria não sai por menos de US$ 60 mil.
“A disputa está muito acirrada. Cada vez mais os livros estão sendo disputados em leilões e pelo dobro do valor”, diz o editor da Sextante.
Mulheres inteligentes lêem mais - Nos últimos anos, esse mercado vem se mostrando rentável também para os autores nacionais. Um dos destaques da lista dos mais vendidos em 2007 é o livro “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, do economista Gustavo Cerbasi, que se aproxima dos 350 mil exemplares vendidos. No mercado brasileiro, livros com vendas acima de 10 mil já são considerados sucesso, segundo a editora Gente, responsável pela publicação.
A editora tem hoje 80% do seu catálogo baseado em autores brasileiros e realiza um trabalho para descobrir talentos nas universidades, que possam desenvolver temas de interesse do público leitor.
“Há autores que nos procuram. E muitas vezes levantamos um tema e vamos atrás de especialistas para fazer o livro”, diz Anderson Cavalcante, gerente da editora. “É mais ou menos como aqueles olheiros de futebol. Gustavo Cerbasi, por exemplo, foi um achado nosso.”
Cavalcante diz que a editora vem apostando desde 2004 em livros voltados para o público feminino. Além de “Casais”, emplacou outro sucesso nesse mercado: “Mulheres Boazinhas não Enriquecem”, da americana Lois P. Frankel (60 mil exemplares vendidos no Brasil).
“Nós fizemos uma pesquisa de tendências e se decidiu investir em uma linha voltada para mulheres, que estão assumindo cada vez mais responsabilidades na área profissional”, diz Cavalcante. “Além disso, várias pesquisas de livrarias mostram que elas lêem mais que os homens.”
Apesar das temáticas mais populares, ele diz que todas as publicações são amparadas por pesquisas acadêmicas. “O desafio é fazer livros que têm uma proposta inovadora, com uma tese por trás e uma linguagem simples, que qualquer pessoa possa assimilar”, diz.
A febre da Bolsa de Valores - Entre os temas que despontam nas listas dos mais vendidos está o investimento em bolsa de valores. A Editora Campus/Elsevier, por exemplo, se destacou com os títulos “Investindo em Opções”, de Mauricio Hissa, e “Aprenda a Operar no Mercado de Ações”, de Alexander Elder
“Isso começou no final de 2005, início de 2006, quando a gente percebeu que a bolsa estava mais atrativa. O livro do Mauricio Hissa, por exemplo, teve uma vendagem espetacular”, diz Carolina Rothmuller, gerente editorial do segmento de Finanças da Elsevier.
O sucesso de vendas nessa área já está levando a editora a segmentar algumas séries de livros. A Coleção Expo Money, por exemplo, voltada para o público leigo em finanças, ganhou uma divisão para o público especializado neste ano, a Expo Money Pro.
“Primeiro a gente quis trabalhar todas as áreas para o público leigo. Mas ainda há muito espaço para crescer dentro do público especializado”, diz Carolina.
Somente no ano passado, as vendas da editora nessa área cresceram 33%, com destaque para a biografia do ex-presidente do banco central dos EUA Alan Greenspan, “Alan Greenspan: A Era da Turbulência” (46 mil exemplares vendidos desde setembro) e o best-seller “A Estratégia do Oceano Azul”, do coreano Chan Kim (100 mil exemplares).
Para 2008, a empresa deve continuar investindo nos livros sobre bolsas de valores, tanto para investidores especializados como para iniciantes. 'As pessoas investem cada mais em livros, até do que em cursos. E esse é um filão que as editoras brasileiras descobriram', diz Carolina.
Fonte: G1

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